O Mineral Cromo e sua utilização como Ergogênico Nutricional

mineral cromo ergogênico nutricional Segundo TIRAPEGUI1 “o cromo é um mineral essencial encontrado em alimentos como oleaginosas, aspargos, cerveja, cogumelos, ameixa, cereais integrais, carne, vísceras, leguminosas e vegetais”. A essencialidade do Cr na nutrição humana foi primeiramente documentada em 1977, quando JEEJEEBHOY et al.2,  ao notar que um paciente, ao receber somente nutrição parenteral,  desenvolveu todos os sintomas da Diabetes Mellitus tipo 2. Antes de iniciar a suplementação com o mineral cromo, o mesmo perdia peso acompanhado também de resistência à insulina e neuropatia, mesmo ao receber 50 unidades por dia de insulina aplicada (exógena). Somente quando 200 µg de cloreto de Cr, adicionado na solução parenteral foram administrados, ocorreu redução dos sintomas da diabetes, na qual a insulina exógena não precisou mais ser utilizada.

 

O cromo no uso de ergogênico para melhorar desempenho e aproveitamento em atletas

 

Sua utilidade como ergogênicos em geral se dá, pela excelente captação dos substratos dispersos na corrente sanguínea, levando a um quadro de hipoglicemia e hipolipidemia. BACURAU 3 analisou que o mineral Cr aumenta o metabolismo da insulina, acarretando em um ganho de massa muscular por estimular a captação das células musculares, assim, acarretando em uma maior síntese proteica e reduzindo a quebra de proteína.

A síntese proteica ocorre, devido a captação de aminoácidos pelo cromo, além de participar ativamente do metabolismo dos carboidratos ingeridos, o que torna os aminoácidos biodisponíveis para a síntese de proteínas, já que o grupo que apresenta nitrogênio irá fazer apenas sua função estrutural, deixando a parte energética para os carboidratos. GOMES et. al.4 , mostra que isso se deve à participação do mineral cromo, ocasionando aumento de sensibilidade à insulina por ter uma ligação de quatro átomos de Cr3+ , a uma proteína intracelular conhecida como apocromodulina, que ao se ligar no receptor de insulina das células dos tecidos periféricos interligados ao hormônio anabólico, desencadeia diversos processos metabólicos pelo estímulo do transporte da proteína GLUT4, resultando no aumento de captação dos substratos como aminoácidos e glicose.

O papel do cromo no metabolismo lipídico parece estar relacionado, ao aumento das lipoproteínas de alta densidade (HDL) e à redução do colesterol total das lipoproteínas de baixa densidade (LDL, VLDL), em indivíduos com valores inicialmente elevados1,4,6,7. Já que o Cr parece inibir a ação da enzima do fígado hidroximetilglutaril-CoA-redutase o que diminui o ciclo do colesterol4. Uma vez que se chegar a mevolanato, o ciclo é definitivo e a formação do colesterol é irreversível. O LDL e VLDL, não serão sintetizados, mas o HDL uma vez que associada a uma boa alimentação, rica em Ômega 9 e exercícios físicos, aumentaria a Apoproteína A-1, favorecendo o aumento do colesterol considerado “bom”, por retirar o colesterol dos tecidos extra-hepáticos e trazer para o fígado excretar.

A suplementação do Cr em forma de picolinato vem despertando interesse de praticantes de exercícios físicos ultimamente, por consistir em uma forma orgânica e ser melhor absorvida pelo organismo, devido ao fato que a insulina obtida da ingestão de carboidratos de alto e baixo índice glicêmico, consegue absorver com mais eficiência aminoácidos, ácidos graxos e outros nutrientes, favorecendo o anabolismo muscular.

Como ergogênico, o picolinato de cromo mostra benefícios a atletas, conforme afirma Evans (1989) apud. JR JAMES 5 , ao esclarecer que:

“No primeiro estudo, estudantes participando em uma turma de treino pesado receberam picolinato de cromo(200ug de cromo) por 40 dias. Os indivíduos recebendo cromo aumentaram significantemente sua massa magra, enquanto aqueles recebendo placebo tiveram apenas um aumento discreto na massa magra corpórea. O segundo estudo envolveu jogadores de futebol que receberam o mesmo suplemento de picolinato de cromo por 6 semanas durante um programa de treino pesado. Os jogadores de futebol americano que receberam cromo tinham aumento maiores na massa magra corpórea do que aqueles recebendo placebo”.

A suplementação com cromo traria benefícios em atletas de alto desempenho. Isso devido à sensibilidade à insulina, podendo aumentar a captação de aminoácidos e trazer modificações benéficas no perfil muscular e na redução do percentual de gordura6. O cromo pode ser indicado como suplemento a ser ingerido durante a atividade física, com outro propósito: o de guardar glicogênio muscular, uma vez que ele poderia estimular a ação da insulina durante o exercício e potencializar a captação de glicose do sangue. Isso diminuiria a utilização de reserva de glicogênio muscular1.

É preciso ter atenção redobrada na alimentação, pela quantidade de ferro que está sendo ingerido. Atualmente, na maioria do que é comercializado por empresas de produtos alimentícios em geral, observa-se a seguinte frase: ”alimento fortificado com ferro”. Se há uma alimentação rica em ferro e houver o interesse para melhorar a resistência à insulina, no caso do tipo 2, e a captação de substratos, ele acaba tornando-se antagonista ao cromo, já que as duas disputam a mesma proteína transportadora, a transferrina.

Como o Cr compete por um dos locais de ligação da transferrina, muitos estudos têm procurado investigar possíveis interações entre Ferro e Cr. “Tem-se questionado se o ferro em excesso (hemocromatase) interfere no transporte de Cr, contribuindo desse modo para a evolução do diabetes2”. “ainda existe a especulação de um efeito lipolítico causado pelo cromo, porém os resultados de estudos em humanos ainda são muito controversos7”.

 

Fatores negativos que a resistência
a insulina acarreta em atletas

 

Como a insulina beneficia em uma “cascata” de eventos anabólicos para atletas, a resistência do hormônio levaria a um déficit de aproveitamento de nutrientes, resultando em uma não biodisponibilidade dos mesmos. Atletas usuários de aminoácidos isolados como creatina, glutamina e outros que favorecem o crescimento e recuperação do tecido muscular, não chegariam a ter uma boa absorção, já que com a insulina baixa, os aminoácidos exógenos que foram ingeridos serão usados de imediato como energia, e não é a principal função de um aminoácido a não ser na gliconeogênese, quando a transaminação retira da proteína os aminoácidos no meio de sintetizar glicose.

Outro evento que a resistência à insulina acarreta, ocorre quando altas doses de carboidratos são ingeridas na intenção de carregar os nutrientes para a metabolização celular. Acaba-se com isso, não tendo sucesso mais uma vez, levando a uma deficiência de absorção. Lembrando que a insulina promove o transporte do carboidrato para as células, consequentemente, aumenta o metabolismo dos ácidos graxos e ativa a enzima que melhora a síntese de proteínas5.

Assim, a síntese proteica que todo atleta e praticante de exercícios buscam, para o ganho e manutenção muscular, poderia nem ocorrer e a insulina má administrada pela resistência ao hormônio, levaria a picos fora do momento que seria melhor absorvidas para a biodisponibilidade, trazendo assim, malefícios como aumento do tecido adiposo e até mesmo a diabetes tipo 2, pois o açúcar(carboidrato) sem a sua transportadora insulina, iria aumentar a oferta de glicose apenas para os adipócitos.

 

Valor diário recomendado (VDR%)

Então, tudo bem usar muito, minha vontade de comer doce é constante, vou ingerir bastante cromo de agora em diante certo? Não! O recomendado é de 120 mcg/dia.


Colaterais do excesso de cromo no organismo

O excesso deste mineral acaba se tornando nocivo para a saúde, causando uma série de efeitos colaterais, entre estes os mais frequentes são:

  • Dores de cabeça
  • Insônia
  • Diarreia
  • Vômitos

 

CONCLUSÃO

 

Pesquisas já mostram os benefícios e resultados em atletas com a suplementação do picolinato de cromo, em treinos de intensidade com o aumento de massa magra, diferente do grupo placebo que ainda teve um significativo aumento da massa magra.

O uso no esporte vem sendo maior na forma de picolinato, por ser orgânico e o organismo conseguir absorver mais rapidamente, com a diminuição assim, do uso do glicogênio muscular no exercício, podendo estimular a captação da glicose circulante e reduzir a utilização do glicogênio, devido à ação do Cr se ligando com receptores de insulina, com a proteína intracelular conhecida como apocromodulina. Esta ao se ligar no receptor de insulina das células dos tecidos periféricos, mostraram se interligar ao hormônio mais anabólico do nosso corpo, a insulina, desencadeando alguns processos metabólicos pelo estímulo do transporte da proteína GLUT4, tendo como resultado o  aumento de captação dos substratos como glicose e aminoácidos.

O mineral também parece ser efetivo na inibição da enzima-hepática hidroximetilglutaril-CoA-redutase, interrompendo o ciclo do colesterol, já que o mesmo não chega a mevalonato. Cm isso, favorecendo atletas que buscam o ganho de massa magra e a diminuição do perfil lipídico.

 

Referências Bibliográficas

BACURAU, REURY FRANK. Nutrição e suplementação esportiva. 3.ed. São Paulo : Phorte, 2005. Cap 13. 257-81.294 p.

COZZOLINO, SILVIA MARIA FRANCISCATO, Biodisponibilidade de nutrientes. 3.ed. atual. e ampl. Barueri, SP: Manole, 2009. Cap. 33. 725-34. 1172p.

GOMES, MARIANA REZENDE. ROGERO, MARCELO MACEDO. TIRAPEGUI, JÚLIO. Considerações sobre cromo, insulina e exercício físico. Revista Brasileira Medicina do Esporte vol.11. Nº 5. Niterói, 2005.

JEEJEEBHY, K.N. M.B.B.S. CHU, R.C. MARLISS, E.B. GREENBERG, G.R. ROBERTSON, A.B. Chroumium deficiency, glucose intolerance, and neuropathy reversed by chromium supplementation, in a patient receivind lonf-term total parenteral nutrition. The American Journal of Clinical Nutrition 30 April 1977. pp. 531-538.

JR JAMES, F. HICKSON, Nutrição no exercício e no esporte. 2ª Ed. Atual. São Paulo : Roca, 2002.

TIRAPEGUI, JULIO. Nutrição, metabolismo e suplementação na atividade física. São Paulo : Editora Atheneu, 2005, 351 p

WILLIAMS. M. H. Nutrição: para saúde, condicionamento físico & desempenho esportivo. 5.ed. São Paulo: Ed. Manole, 2002.

 

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Eduardo Marinho
Eduardo é de Maceió, Nutricionista (CRN6 -23413/P), Pós-Graduando em Nutrição Esportiva. Praticante de musculação e atleta de Handebol. Gosta de escrever sobre assuntos relacionados s sua área de estudo, disponibiliza no DT com o intuito de contribuir com a comunidade.

1 COMENTÁRIO

  1. Mesmo pesquisando muito, ainda não descobri a melhor forma e horário para tomar o picolinato.
    Estou com cápsulas de 35mcg e vem dizendo para tomar 1x ao dia, sendo que no seu post diz que pode até 120mcg.
    Eu faço dieta de baixo carbo (tenho sop), aeróbico e musculação em torno de 5x por semana.
    Alguém pode tirar esse duvida da quantidade e horários melhores pra ingerir o picolinato? Grata!

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