Muitas pessoas se perguntam se a musculação pode ajudar na depressão. Essa é uma associação comum e que faz todo sentido, devido às questões biológicas e cerebrais que envolvem a doença.
Será que os exercícios físicos podem interferir, não apenas no seu humor normal, mas em casos onde os problemas de saúde mental estão agravados? Por esse motivo separamos tudo que você precisa saber sobre esse assunto. Confira!
O que é a Depressão?
A depressão pode ser considerada como um distúrbio afetivo, de caráter puramente biológico, mas que pode ser inflamada por questões ambientais. Porém, sabe-se que a depressão atinge e modifica diversas áreas do cérebro, especialmente aquelas responsáveis pelo senso de autoestima e interesse por atividades gerais.
Embora muita gente não saiba, ela existe desde o início da humanidade e os casos de problemas relacionados à depressão foram registrados ao longo da história – embora o diagnóstico seja muito recente. Antigamente, acreditava-se que a depressão era uma manifestação puramente religiosa e essa ideia se manteve por longos anos, causando sofrimento e impedimento da “cura” como conhecemos hoje.
Falamos em “cura” entre aspas porque a doença pode ter um controle, porém, o paciente deve sempre ter contato com um psicólogo para garantir que ela não volte. A cura propriamente dita não existe e a doença pode voltar ou se desenvolver em qualquer pessoa.
Sintomas da Depressão
Sabe-se que a depressão pode ser diferente em cada indivíduo e apresentar inúmeros sintomas – que podem ser físicos ou apenas de comportamento. Embora muita gente acredite que a doença é apenas uma condição onde há excesso de tristeza, é essencial saber diferenciar a diferença.
Tristeza é um sentimento passageiro, causado por um trauma, problema de relacionamento ou qualquer outra situação desconfortável. Sentir tristeza é absolutamente comum e intrínseco ao indivíduo. Porém, quando esse quadro se agrava e ultrapassa o limite de 6 meses, a preocupação começa a ser necessária.
Vamos entender melhor os sintomas da depressão:
Tristeza que não passa e que perdura há mais de seis meses. Essa tristeza pode ser caracterizada por excesso de choro, desânimo, falta de interesse pelas atividades diárias.
A tristeza pode evoluir para um quadro de apatia, que é quando uma pessoa não apresenta emoções por situações comuns. Há apenas o desânimo, falta de desejo de realizar atividades que antes eram prazerosas, medo de sair na rua, desinteresse em falar com pessoas que gosta.
Pânico e ansiedade também são sintomas de uma possível depressão ou, no mínimo, fatores de risco. Se você sofre com excesso de ansiedade, é preciso tomar cuidado com a evolução do problema.
Em depressões mais severas, pode haver total falta de vontade para sair do quarto. O deprimido pode perder o desejo de realizar atividades simples, como tomar banho e escovar os dentes. Esse é um quadro extremamente perigoso.
Por fim, podem haver tentativas de acabar com a vida, pensamentos relacionados ao suicídio. Essa é uma fase muito preocupante e que merece total atenção por parte da família e do terapeuta.
Quais as principais causas de depressão?
A depressão é uma doença silenciosa e que tem inúmeros fatores de risco. Os principais deles são:
Genética: sabe-se que a genética influencia muito da questão da depressão. Como a doença se desenvolve no cérebro, pessoas com histórico familiar apresentam grandes chances de sofrerem com o problema, especialmente se o parente é de primeiro grau.
Fatores neurológicos: Os fatores neurológicos são sempre levados em conta. Pode haver alguma falha no cérebro, que causa um desequilíbrio nos neurônios, deixando-os inativos em áreas responsáveis pela felicidade, autoestima e sensação de pertencimento no mundo.
Fatores hormonais: Os hormônios são altamente responsáveis pela depressão e a falta de alguns deles pode ser um fator de risco para o desenvolvimento da doença. Nesse caso, eles podem sofrer mudanças por diversos motivos, como é o caso de distúrbios da tireoide, por exemplo.
Além desses fatores, alguns hábitos podem causar a depressão ou aumentar o risco do seu aparecimento. São eles:
- Fumo e uso de drogas de qualquer tipo.
- Ingestão de bebidas alcoólicas em excesso e com frequência elevada.
- Falta de atividades físicas e sedentarismo ao longo dos anos.
- Sono desregulado e problemas relacionados a ele, já que pode haver interferência hormonal.
- Problemas de saúde mental como ansiedade e pânico. Como dissemos, eles são fatores de risco e devem ser observados de perto para não evoluírem e causarem a depressão no seu maior grau.
O que é o Humor Deprimido?
Humor deprimido não é necessariamente depressão. Como falamos mais acima, a tristeza pode se prolongar por alguns meses, causando esse tipo de humor. Isso acontece geralmente em processos muito traumáticos, como o luto, ou com uso de medicamentos controlados.[1]
A depressão só será identificada quando o humor deprimido evoluir para os demais sintomas e durar mais do que seis meses. A partir do sexto mês, é fundamental que haja um começo de melhora apresentado pelo paciente, como tendência a dar os primeiros passos rumo à cura.
Quando esses primeiros passos não ocorrem e o paciente, ao invés disso, tem o quadro piorado, o humor deprimido já passa a ser tratado como deprimido moderado.
O que é a Depressão Moderada?
A depressão moderada é uma evolução do humor deprimido, ou seja, possui os sintomas iniciais da depressão, com um tempo maior do que seis meses. Há o desejo de se esquivar das atividades, embora ainda possa haver um esforço para conseguir cumprir as obrigações.
O indivíduo com depressão moderada pode ir ao trabalho, realizar tarefas domésticas e até ter atividades de prazer. Porém, o quadro em evolução pode fazê-lo mudar de humor rapidamente, ter baixa autoestima e tendência a se autocriticar. São sintomas que aparentam menos aos demais, mas extremamente debilitantes ao paciente.
É um tipo de depressão perigosa, pois pode haver tentativa de suicídio, mesmo que os familiares e amigos não percebam o risco.
O que é Transtorno de Depressão Maior?
Já a depressão maior é aquela típica que conhecemos dos filmes e da televisão. O cenário é mais perigoso e o indivíduo vive em constante estado de inércia. Ele pode ir trabalhar ou realizar atividades comuns, mas seu humor é sempre apático e sem reação às coisas que exigiriam emoções.
Pode haver isolamento, fuga dos afazeres, crises de ansiedade e mudanças muito bruscas de humor. Nesse caso, a terapia com medicamentos se torna fundamental para evitar possíveis tentativas de suicídio. Além disso, nesse caso, a família geralmente percebe o problema e nota as mudanças com mais clareza.
Exercícios físicos para curar Depressão
Um dos sintomas iniciais da depressão e que se estende por todo o período em que o estado se mantém é a falta de energia. Logo, exercitar-se pode ser muito difícil e exigir um esforço que o paciente deprimido não tem.
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Mas, é preciso começar. O exercício, por menos intenso que seja, vai ajudar a trazer melhoras. Sem dúvidas, quanto antes ele começar a ser colocado em prático, mais rapidamente trará resultados – e mais fácil será mantê-lo. Para quem está com depressão severa, pode ser necessário começar com a medicação primeiro e encontrar força para a atividade.
Academia ajuda na depressão
Sim, exercícios no geral ajudam da depressão. A academia, como fonte de exercício aeróbico, irá liberar energia e os chamados hormônios de endorfinas. Elas ajudam a melhorar o quadro e promovem bem-estar. Além disso, podemos citar:
Diminuição no nível de cortisol, hormônio do estresse. Ter a diminuição desses hormônios é fundamental para que haja menos chances do quadro se agravar.
Liberação de endorfinas. Muitas pessoas sabem que a musculação pode ajudar na depressão, mas essa liberação de hormônios pode ocorrer também nos exercícios mais simples, como a caminhada. Quanto mais exercícios, melhor. A ideia geral é conseguir se manter ativo, independente de qualquer coisa.
Musculação pode ajudar na Depressão?
Vamos falar especificamente se a musculação pode ajudar na depressão. Obviamente, qualquer exercício ajuda, porém, quando pensamos em musculação, os benefícios são ainda maiores:
A musculação pode ajudar na depressão porque ajuda a liberar tensão nos músculos. Isso significa que podemos lutar contra um dos sintomas mais debilitantes da doença, que é essa rigidez que o corpo libera. Com um exercício de alta tensão, ela se dissolve e diminui os riscos de evolução do problema.[2]
Além disso, a musculação também libera muita endorfina, mais ainda do que o aeróbico. Logo, faz sentido que ela esteja presente em pacientes com depressão.
Por fim, a musculação tem a tendência de transformar o corpo, o que pode afetar a autoestima e senso de imagem. Ela pode também diminuir sintomas da ansiedade, que é um gatilho para a evolução da depressão.
Como conclusão, podemos afirmar com toda a certeza que a musculação pode ajudar na depressão. Porém, não se esqueça de procurar um terapeuta e um psiquiatra para casar o tratamento com os exercícios. Isso é fundamental para que as crises diminuam e sejam menos perigosas para a preservação da vida.
Qualquer tipo de ação que aja contra a doença vale a pena. Se você estiver com sintomas de depressão, não deixe a musculação de lado. Ela pode te ajudar muito!
Referências
1. Dr. Daniel Barros, psiquiatra
2. Médico do esporte Dr. Gustavo Magliocc