Talvez você nunca tenha ouvido falar, mas se já ouviu, provavelmente não sabe a fundo sobre o anastrozol.
Este medicamento é um fármaco da classe dos inibidores de aromatase triazolico potente e seletivo, cujo mecanismo de ação é bloquear a conversão tecidual de andrógenos em estrógenos.
Sendo assim, ele é ligado competitivamente e de modo específico ao gene da CYP19 (enzima aromatase, capaz de converter testosterona em estrógeno).
A eficácia e segurança do anastrozol têm sido debate em muitas pesquisas, pois quando comparado ao tamoxifeno (medicamento utilizado no tratamento de câncer de mama) tem proporcionado mais benefício.
Isso, porque o primeiro interrompe a ação do hormônio e o outro bloqueia a atividade do estrogênio, sendo caminhos diferentes para o mesmo objetivo.
De acordo com o estudo multicêntrico denominado de “Arimidex, Tamoxifen, Alone or in Combination” (estudo ATAC), pacientes que durante um período de 100 meses usaram anastrozol tiveram maior tempo livre de doença, sem contar, de menor incidência de alguns eventos adversos durante o tratamento.
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Por isso, com base nesse estudo diversos autores recomendam a utilização do anastrozol em substituição ao tamoxifeno no tratamento adjutório de mulheres com câncer de mama após a menopausa.
No reino unido, por exemplo, um estudo investigou se realmente o anastrozol poderia ser útil para prevenir o câncer de mama em mulheres pós-menopausa, que possuem um risco maior da doença, já que no país este tipo de câncer é muito comum, afetando cerca de 50 mil mulheres por ano.
Após a participação de quatro mil mulheres, os resultados foram impressionantes.
Entre aquelas que tomaram a medicação (anastrozol), o risco da doença caiu em 53%.
Devido a estas ações diferentes no organismo, o anastrozol ou tamoxifeno são utilizados dependendo do estágio em que a doença da mulher se encontra.
O anastrozol, por exemplo, pode ser usado em mulheres que já passaram pela menopausa.
Já o tamoxifeno, em mulheres que passaram ou não pela menopausa.
Além de ser eficaz neste aspecto, conforme relatado acima, o anastrozol é também muito falado entre atletas e praticantes de musculação.
Motivo este, pois quase 80% do estrogênio produzido nos homens são provenientes da conversão de testosterona em estrogênio, através da enzima aromatase.
Logo, é cada vez mais comum o uso de inibidores de aromatase por homens, como o anastrozol, na expectativa de que o bloqueio de estrogênio levaria a maiores ganhos de massa muscular e diminuição da gordura corporal por aumento da testosterona circulante.
Para abordar maiores discussões, dúvidas e esclarecimentos sobre o fármaco anastrozol, que não é tão falado e conhecido por boa parte das pessoas, acompanhe este conteúdo e saiba mais!
O que é e para que serve o Anastrozol?
De desenvolvimento mais recente, o anastrozol pertence à classe de medicamentos chamados de inibidores da aromatase. Sua função é impedir que através de um processo chamado de aromatização, o corpo converta a testosterona em estrogênio.
Isso significa que ele serve para prevenir a formação de estrogênio em homens e combater o câncer de mama em mulheres.
Estudos clínicos já provaram que o anastrozol é eficaz no tratamento para o câncer de mama, seja em estágio inicial ou avançado.
Porém, como ele não consegue impedir a produção de estrógeno nos ovários, só se faz efetivo apenas se ministrado nas mulheres que já passaram pela menopausa.
Nesse caso, o medicamento mais indicado seria o tamoxifeno.
Conforme um estudo da Universidade Queen Maru, de Londres, publicado pela revista Lancet, além de mais barato, o anastrozol se mostrou mais eficaz e apresentou menos efeitos colaterais que os medicamentos habituais, como exemplificaremos abaixo:
A pesquisa dividiu em dois grupos quatro mil mulheres de alto risco, isto é, que possuíam histórico de câncer na família.
O primeiro grupo que não recebeu o medicamento, 85 dentre 2 mil mulheres desenvolveram o câncer de mama. Já o segundo grupo que recebeu o anastrozol, apenas 40 entre 2 mil mulheres tiveram câncer.
Ainda, não houve registro de efeitos colaterais. Sendo assim, o estudo mostrou que o anastrozol impede a produção do hormônio estrógeno, substância que tende a impulsionar o crescimento da maioria dos cânceres de mama.
Ademais, estudos de custo-efetividade avaliando o uso do anastrozol no tratamento adjuvante do câncer de mama foram publicados, com a perspectiva da sociedade em outros países, como: Grã-Bretanha, Bélgica, Estados Unidos e Canadá.
A avaliação concluiu que dentro da perspectiva de seus países, o anastrozol é alternativos custo-efetiva e comparável a outras terapias antineoplásticas aceitas na rotina oncológica geral. Já no Brasil, não existe nenhum estudo publicado a respeito.
Com relação aos homens, o anastrozol impede a formação em excesso de estrogênio e mantém o hormônio em equilíbrio, motivo pelo que muitos praticantes de musculação acabam utilizando o medicamento, na expectativa de elevar o ganho de massa muscular e diminuir a gordura corporal.
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Além disso, é utilizado no tratamento do hipogonadismo, ginecomastia e outras desordens androgênicas.
Outro benefício do fármaco nos homens é prevenir o envelhecimento precoce e ajudar meninos com baixas estaturas a desenvolver o crescimento.
Entretanto, é importante frisar que ter estradiol em baixas quantidades pode causar a diminuição da libido e problemas nas articulações.
E, quando em quantidades elevadas gera a ginecomastia, retenção de líquidos e aumento de gordura.
Desta maneira, cuidado e acompanhamento médico regular são fundamentais para o sucesso do tratamento.
Conheça os Benefícios do Anastrozol
Conforme relatado, por ser um inibidor da aromatase, o medicamento possui certos benefícios, principalmente sendo eficiente no tratamento do câncer de mama para mulheres que já passaram da menopausa, como também no tratamento de ginecomastia para homens.
A literatura mostra que após sete dias consecutivos de dose 1mg/dia no plasma sanguíneo, o anastrozol tem eficácia de 80%.
Por conseguinte, devido à elevação de testosterona promovida pelo fármaco, ele pode ser usado como terapia de reposição de testosterona em homens com hipogonadismo, dentre outras ações.
Além destes pontos positivos, o anastrozol possui muitos outros, como:
- Aumenta os níveis de testosterona nos homens;
- Aumenta o ganho de massa muscular;
- Modula o metabolismo hormonal em homens com desordens androgênicas;
- Normaliza a produção de androgênios em homens hipogonadais;
- Reduz a chance de retenção líquida durante o ciclo hormonal;
- É um grande aliado do anabolismo muscular;
- Não afeta os lipídeos sanguíneos (colesterol);
- Previne o envelhecimento ósseo;
- Auxilia o crescimento de meninos com baixa estatura;
Quais os efeitos colaterais e contraindicações?
Assim como todo medicamento existem os prós e os contras, o anastrozol também.
Antes de qualquer pensamento sobre o uso o ideal é pesquisar sobre o fármaco e consultar um médico especialista para orientar se realmente será preciso a interação medicamentosa.
Isso, porque apesar dos benefícios do uso, ocorre o aparecimento de efeitos colaterais indesejados.
Sendo assim, confira em etapas as reações colaterais causadas pelo uso do anastrozol.
Caso apresentar algum sintoma citado abaixo, suspensa imediatamente o uso do medicamento e informe o médico.
Reações muito Comuns
Esse tipo de reação ocorre em 10% ou mais dos pacientes, e consiste em: ondas de calor; fraqueza; dor nas articulações; enrijecimento muscular; artrite; dor de cabeça; náuseas e lesões na pele (vermelhidão).
Reações Comuns
Esse tipo de reação ocorre entre 1% e 10% dos pacientes, e consiste em: queda de cabelos; alergias; diarreia; vômitos; sonolência; dor e sensação de formigamento no punho; aumento das enzimas do fígado e da bile; secura e sangramento vaginal; perda do apetite; aumento do nível de colesterol no sangue; dor nos ossos e dor muscular; sensação de formigamento ou dormência na pele; perda e alteração do paladar.
Reações Incomuns
Esse tipo de reação ocorre entre 0,1% e 1% dos pacientes, e consiste em: aumento de cálcio no sangue; aumento da enzima do fígado gama GT e da bilirrubina; hepatite; urticária (coceira na pele com vermelhidão) e dedo em gatilho.
Reações Raras
Esse tipo de reação ocorre entre 0,01% e 0,1% dos pacientes, e consiste em: vermelhidão inflamatória da pele; alergia intensa e inflamação dos vasos da pele.
Reações muito Raras
Esse tipo de reação ocorre em menos de 0,01% dos pacientes, e consiste em: forma grave multiforme de reação alérgica; inchaço da pele, mucosas, vísceras e cérebro.
Além dos efeitos colaterais, existem as contraindicações, já que o medicamento não pode ser utilizado por qualquer indivíduo e é somente vendido sob prescrição médica. Então, antes de qualquer coisa é preciso atentar-se as seguintes orientações:
- O anastrozol não é indicado para crianças, idosos e mulheres na pré-menopausa;
- O anastrozol é contraindicado para grávidas e lactantes;
- O anastrozol não é recomendado para pessoas alérgicas;
- Intolerantes à lactose não devem utilizar o anastrozol, pois em sua composição tem lactose (93 mg/comprimido);
- Enquanto estiver em tratamento com o anastrozol, não tome outro medicamento sem o consentimento médico;
- Indivíduos que dirigem ou operam máquinas não devem utilizar o anastrozol, já que um dos efeitos são a fraqueza e sonolência;
- O anastrozol pode causar doping;
- Se for internado (a), informe a equipe médica que está utilizando o anastrozol;
- Como o anastrozol diminui os níveis de estrógeno no sangue, ele pode causar uma redução na densidade mineral óssea, e consequentemente o aumento do risco de fraturas ósseas.
Como tomar o anastrozol?
O comprimido de anastrozol possui 1mg e as embalagens geralmente contém 28 ou 280 comprimidos.
O uso é feito via oral, não deve ser partido ou mastigado, e deve ser ingerido com água, em horários específicos, ou seja, se tomou na segunda-feira às 10h da manhã, na terça-feira deve tomar no mesmo horário.
A dose diária deve ser recomendada por um médico e vai variar de acordo com as necessidades de cada um.
Assim como o anticoncepcional, o anastrozol não deve ser tomado em dose dupla, caso ocorra o esquecimento em um dia anterior. Isso, porque pode afetar o ciclo e causar efeitos colaterais.
Destarte, se esquecer em um dia, não compense no outro, tome apenas um normalmente e no mesmo horário.
A experiência clínica com a superdosagem acidental de anastrozol é limitada. Não existem relatos nem observações de efeitos tóxicos e adversos, onde o paciente tenha tomado dose superior a 60mg.
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A única toxicidade aguda foi observada em animais (roedores e cães) com dose superior a 45 mg/kg, equivalente a 2,7 gramas.
Não existe nenhum antídoto específico contra a superdosagem e o tratamento deve ser sintomático.
Portanto, em uma superdosagem, deve-se considerar a possibilidade de que múltiplos agentes possam ter sidos ingeridos.
Assim, em caso de uso de grande quantidade deste medicamento, procure imediatamente socorro médico, para evitar eventuais problemas.
Tudo sobre Anastrozol
(Por Leandro Twin via YouTube)
Conclusões Finais
Agora quem não conhecia o anastrozol, pode com certeza tem argumentos quando o tema for ele. Retomando, o medicamento é usado clinicamente para diminuir a progressão do câncer de mama, bloqueando a enzima aromatase, responsável pela produção de estrogênios.
Na musculação, os atletas utilizam-o muitas vezes durante ciclos com o intuito de evitar a aromatização e a ação dos estrogênios.
Estudos relatam que o anastrozol tem sido bastante eficaz, tanto no tratamento do câncer de mama, quanto para fins estéticos, como segue o exemplo: doses entre 0,5g e 1mg de anastrozol foram capazes de reduzir os níveis de estrógeno em 50%.
A dose de 1mg/dia ainda elevou os níveis de testosterona em 58%. Para mais, ocorreram alterações nas concentrações de testosterona e estradiol em homens normais jovens (15 a 22 anos) antes e depois de dez dias de administração de anastrozol oral em 0,5 e 1mg/dia.
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Isso sugere que durante um ciclo uma dose de 0,5mg/dia parece ser suficiente para combater os efeitos colaterais.
No entanto, se pensa em obter benefícios com o anastrozol na musculação, recomenda-se procurar um especialista para esclarecer as dúvidas e ver se o mesmo se encaixa em suas necessidades.
A orientação médica é a melhor escolha em todos os quesitos, principalmente quando o assunto é a saúde.
Para complementar o conteúdo e dar mais informações, veja abaixo um vídeo explicativo sobre o medicamento!
Referências
Clin Endocrinol (Oxf). 2005 Feb; 62(2):228-35.
Clin Endocrinol Metab 2000 Jul; 85 (7):2370-7, “Estrogen Suppression in Males”.
SASSE, A.D.; SASSE, E.C. Estudo de custo-efetividade do anastrozol adjuvante no câncer de mama em mulheres pós-menopausa. Rev Assoc Med Bras 2009; 55(5): 535-40. Acessado em 29 de Agosto 2018.