Professor, uso a barra W ou a barra RETA? E por quê? Seria muito legal se perguntassem, mas são raros os que questionam e sabem o porquê fazer assim ou assado! Sejam mais críticos e questionem seus professores, entendam o porquê estar fazendo isso ou aquilo, assim ou assado!!
Bom, mas vamos ao assunto, Julio Serrão, Coordenador do laboratório de biomecânica do laboratório de Educação Física da Universidade de São Paulo (USP), explica que a barra W foi desenvolvida justamente para ser mais confortável durante a execução de exercícios que precisam de flexão do cotovelo, porque a posição do punho é similar ao da barra W. Essa barra surgiu com o objetivo de mudar o acionamento muscular, mas a gente acertou errando.
Quando pensamos em um exercício, além de toda a funcionalidade que ele gera, ou seja, desenvolvimento de força, flexibilidade, etc, o mesmo deve proporcionar um certo conforto na sua execução, para que haja também segurança.
Julio Serrão diz que ao usar a barra W para fazer o movimento de rosca, por exemplo, ela acaba sendo mais adequada por prevenir problemas nos cotovelos pois quando utilizamos essa articulação no movimento de uma Rosca Direta isso requer o movimento do punho simultaneamente e, com uma barra reta, você deixa a articulação do punho desfavorável, podendo desenvolver uma tendinopatia.
Segundo Waldemar Guimarães, a barra reta é bastante anti anatômica, as barras W foram inventadas para propiciar movimentos de extensão e flexão de cotovelo mais confortáveis. Exercícios na barra reta podem produzir epicondilite medial.
Luis Claudio Bossi, pesquisador e professor da Unifae, enfatiza que, quando usamos a barra W, o movimento do bíceps é de flexão do cotovelo acompanhado de uma supinação. Com a barra reta, tende a ter esse movimento por completo, porém essa posição leva a um estresse na articulação do cotovelo, conhecido como epicondilite lateral ou medial, também chamadas de cotovelo de tenista.
Embora pareça uma besteira, quando se mantém a dor no cotovelo podemos gerar uma inflamação no tendão do braquioradial e, se não passar, pode se tornar uma condição cirúrgica.
Na articulação do cotovelo contamos, neste movimento, com 3 músculos (Braquial, Bíceps e Braquioradial) e a ênfase em uma ou outra área muscular se da pela posição das mãos, ou seja, pelas pegadas.
A barra W foi feita para acomodar o punho, proteger o cotovelo e melhorar nossos padrões de movimento reduzindo assim as lesões. Pode-se reparar que os aparelhos de tríceps e bíceps já vem com uma empunhadura angulada, para que haja esse ajuste, como informação adicional entenda que essa lei serve tanto para o bíceps quanto para o tríceps.
Isso quer dizer que tenho que abandonar minha querida barra reta?? Não!!!! Quando se trata de treinar bíceps, a regra segue sendo a mesma: utilize diversos exercícios para estimular o desenvolvimento muscular de todas as porções do músculos. A utilização de ambas as barras produzirá o desenvolvimento máximo das porções do bíceps. Vejamos algumas barras com suas respectivas pegadas e utilidades quanto ao bíceps segundo o Prof. Óscar Morán Esquerdo.
BARRA RETA
Exercício básico e pesado para o bíceps, exige um grande envolvimento das cabeças. Estatisticamente o ser humano pode supinar 90º dos antebraços, ou aproximadamente isso, mas geralmente ocorre que a posição dos punhos acaba sendo incomoda ou dolorosa, então é preciso optar pelas variantes Z, W, T, Halteres, pronada.
BARRA Z e W
Pegada anatomicamente mais racional e, alem disso, proporciona um maior envolvimento do braquiorradial e da cabeça longa do bíceps. O que pode ser inconveniente é se adequar ao desenho da barra, que pode alterar a distancia da pegada.
BARRA T (ROMANA, H)
O trabalho de bíceps continua sendo ativo, sobretudo a cabeça lateral/longa, e passa a ser protagonista do restante dos flexores. É o melhor ajuste entre ulna-radial.
Halteres: Os halteres terão a vantagem de se adequar ao giro de punho e dispor de muitas opções de execução.
Pegada Pronada: Conhecida como rosca invertida, é uma variante da rosca direta com grande atuação nos antebraços.
Lembre-se sempre, que você deve seguir seu programa de treinamento e seu treinador deve selecionar as pegadas mais indicadas para o determinado momento, como disse antes a variação entre pegadas e exercícios produzirão ótimos resultados. Nunca faça uma escolha sozinho, consulte e questione sempre seu Professor/Treinador.
Referências Bibliográficas
Enciclopédia da Musculação – Prof Óscar Morán Esquerdo
Ótimo artigo. Recomendo a todos que prestem atenção a respeito. Já experimentei lesões no cotovelo e posso dizer, são das piores que existem. Jamais subestimem a importância de manter esta articulação protegida.
Atenção especial, também, para execuções forçosas com demasiada sobrecarga em exercícios de tríceps, que podem causar o mesmo problema.