Rogero e Tirapegui (2008) citam que os aminoácidos são as unidades básicas da composição de uma proteína, sendo que em humanos saudáveis, nove aminoácidos são considerados essenciais, uma vez que não podem ser sintetizados endogenamente e, portanto, devem ser ingeridos por meio da dieta. Os autores ainda citam que dentre os aminoácidos essenciais, três recebem destaque, os chamados aminoácidos de cadeia ramificada: leucina, valina e isoleucina, também conhecidos como Branched-chain amino acid (BCAA).
Os BCAA’s são fundamentais na dieta devida a sua regulação na síntese proteica muscular através da ativação da proteína mTOR (especialmente a Leucina) e também na diminuição do catabolismo muscular, favorecendo assim um ambiente anabólico e a hipertrofia muscular. Fora isso, exercícios exaustivos podem acarretar em queda na diminuição dos níveis de glicogênio muscular e hepático, mesmo com a suplementação com carboidratos, e assim diminuir os níveis de glicose, afetando assim o sistema nervoso central e periférico, e causando fadiga muscular. Isso se dá ao fato de que com a diminuição dos estoques de glicogênio, o organismo começa a utilizar outros substratos como fontes energéticas, como os BCAA’s, sendo utilizados pelo tecido muscular, aumentando assim sua oxidação.
Os BCAA’s utilizam a mesma via de ligação que o triptofano livre para penetrar na barreira hemato-encefálica, ou seja, eles competem entre si. Assim, a entrada de triptofano no SNC é controlada pela razão plasmática triptofano livre:BCAA’s. Assim, quando aumenta a oxidação dos BCAA’s decorrente do exercício intenso, os níveis de BCAA’s diminuem e aumenta, a disponibilidade de triprofano, o que consequentemente aumenta a síntese do neurotransmissor serotonina no SNC. Esse aumento da serotonina durante o exercício físico, tem sido fortemente relacionado com o acometimento da fadiga central, atuando também no humor, regulação do sono, distúrbios de apetite e até alterações na percepção subjetiva de esforço (sintomas de overtraining). (ROGERO; TIRAPEGUI, 2008; BIESEK; ET AL., 2010; LANCHA JR; ET AL, 2012; HOWATSON; ET AL, 2012)
Fora isso, atletas de alto rendimento realizam sessões desgastantes de treinamento, necessitando de uma recuperação mais rápida e ainda reforçar suas defesas imunológicas provocadas pelo treinamento desgastante. Estudos também evidenciam que o BCAA acelera a recuperação pós-treino, permitindo assim que o atleta tenha condições de realizar um treinamento de alta intensidade na sua próxima sessão de treino, como demonstrado na figura abaixo:
A figura retrata um excelente estudo publicado por Howatson et al (2012) no Journal of the International Society of Sports Nutrition. Os resultados demonstram que a suplementação com BCAA amenizou a diminuição da força máxima (MCV – Contração Voluntária Máxima) após o esforço, assim como amenizou o processo de dor muscular (Muscle Seroness) e o aumento da CK. Isso demonstra a forte relação do BCAA com a recuperação muscular.
E por fim, estudos recentes apontam que o BCAA também melhora a funcionalidade do sistema imunológico, função essa vital para praticantes de exercícios intensos ou de longa duração, já que é comum que esses atletas sofram uma imunossupressão (perda da funcionalidade do sistema imunológico). (ROGERO; TIRAPEGUI, 2008; BIESEK; ET AL., 2010; LANCHA JR; ET AL, 2012; HOWATSON; ET AL, 2012).
A Integralmédica desenvolveu o BCAA Powder VO2, versão em pó indicada para uma absorção mais rápida para os praticantes de endurance.
Espero, que eu possa ter ajudado a sanar algumas dúvidas, desejo a todos um grande abraço e ótimos Treinos!!!
Referências Bibliográficas
Biesek, L. et al. Estratégias de Nutrição e Suplementação no Esporte. 2° Ed. Ed. Manole, 2010.
Howatson G., et al. Exercise-induced muscle damage is reduced in resistance-trained males by branched chain amino acids: a randomized, double-blind, placebo controlled study. J Int Soc Sports Nutr. 2012; 9: 20.
Lancha Jr, A. H., et al. Suplementação Nutricional no Esporte. Ed. Guanabara Koogan, 2009.
Rogero MM., Tirapegui J. Current aspects of branched chain amino acid and exercise. Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences. 2008 October ; 44( 4): 563-575.
Seria interessante, sensato e justo para com os leitores dizer que a quantidade de BCAA necessária para se atingir resultados vai muito além do que a rotuladas pelas empresas de suplementos, e o grande efeito placebo causado pelo uso insuficiente do suplemento!
A maioria dos estudos científicos que viram resultados positivos com seu uso utilizaram uma dosagem entre 5/10g de BCAA. Como qualquer suplementação é feita baseada em resultados científicamentes comprovados, essa é a dose indicada geralmente. Na prática vemos atletas utilizar dosagens maiores do que essas, mas sem “comprovação” científica, pois poucos estudos utilizam doses maiores do que as indicadas pelas empresas. Fora o fato da especificidade do treinamento do atleta: Um fisiculturista pode treinar em média 1 hora por dia, enquanto um lutador de MMA pode treinar 4 horas por dia e um triatleta pode treinar por até 6 horas por dia. O indicado é que se consulte um nutricionista para ele adequar o suplemento à dieta.
Com relação ao efeito placebo, é um assunto muito complexo. O efeito placebo pode ser visto quando um corredor troca seu tênis de corrida, ou quando um culturista utiliza um suplemento alimentar novo ou mesmo quando um nadador troca seu uniforme. Esse assunto renderia facilmente outro artigo.
Resposta do Gustavo Barquilha – #INTEGRALEXPERT, Preparador Físico de alto rendimento, Mestre em Ciências do Movimento Humano e Coordenador Técnico Integralmédica.
Ótimo, concordo e acredito muito na eficiencia dos bcaas. Não tive a oportunidade ainda de experimentar este novo produto, Bcaa Powder , porém percebemos que em bcaas em capsulas como o Bound da Probiotica, ou o Top da IM, para se atingir 10g do produto seria necessário consumir mais do que o dobro indicado por dose ( 4 caps ) causando as vezes no consumidor com menos renda, o não aproveitamento total dos beneficios do suplemento. Abs !