A fadiga é considerada como incapacidade funcional na manutenção de um nível esperado de força, que pode afetar o músculo (fadiga periférica) e o sistema nervoso central (fadiga central) na execução de exercícios intensos. Porém, para outros autores, o conceito de fadiga é muito mais amplo e depende de inúmeros fatores, como a intensidade e duração do exercício, nível de aptidão física, densidade das miofibrilas musculares, motivação e a alimentação (Cyrino & Burini, 1997).
Muitas pesquisas já podem comprovar que a suplementação com Beta-Alanina pode promover aumentos significativos sobre a concentração do dipeptídeo carnosina, o que tem despertado o interesse da comunidade científica sobre inúmeras funções fisiológicas e ergogênicas, principalmente a respeito da redução de fadiga no exercício físico (Falcão, 2016).
Durante muitos anos foi interpretado por pesquisadores da área esportiva e preparadores físicos que o maior fator limitante para o desempenho esportivo seria o ácido lático (AL) e o lactato (La–), os principais causadores do aparecimento de fadiga no exercício. No entanto, sabe-se que a formação de La– está associado com o aumento da intensidade, e, dentro do novo contexto de pesquisadores da área esportiva, o principal causador de efeitos negativos sobre os processos contráteis ou de transferência energética são os íons hidrogênio (H+) resultantes da dissociação do AL que podem inibir enzimas na via glicolítica e proteínas miofibrilares. Assim, a formação excessiva de íons H+ podem promover o decréscimo do pH intramuscular causando efeitos prejudiciais à força gerada contribuindo, dessa forma, com a fadiga (de Moraes Bertuzzi et al, 2006).
Onde quero chegar é bem simples. A suplementação com Beta-Alanina pode sim promover um aumento na capacidade do exercício por ser fator limitante na síntese de carnosina, e este sim, age como um tamponante reduzindo as implicações negativas que o excesso de íons H+ pode gerar sobre o desempenho físico pela acidose lática gerada e a redução do pH.
Em linhas gerais, a Beta-Alanina funcionaria como um recurso ergogênico nutricional por melhorar a utilização de substratos energéticos e a manutenção da contração muscular, postergando o aparecimento da fadiga e, podendo assim, melhorar o rendimento.
Mas em quais exercícios e tempo de duração de provas/testes existem mais benefícios relatados com a utilização da Beta-Alanina? Até quanto posso aumentar de carnosina intramuscular com o uso de Beta-Alanina? Será que o consumo dos pré-treinos que contém Beta-Alanina na composição são suficientes para isso? Como administrar a Beta-Alanina evitando o aparecimento de parestesia (formigamento)?
Vamos deixar isso para uma futura publicação. Até lá, um grande abraço!
Referências Bibliográficas:
Bertuzzi RC de M., Silva AEL, Abad CCC, de Oliveira Pires F. Metabolismo do lactato: uma revisão sobre a bioenergética e a fadiga muscular. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum. 2009; 11(2), 226-234.
Cyrino ES, Burini RC. (1997). Modulação nutricional da fadiga. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, 1997; 2 (2), 67-74.
Falcão LEM. Efeito da suplementação de β-alanina em diferentes tipos de exercícios. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, 2016; 10 (57), 361-368.