O Kaatsu Training é uma técnica de treinamento desenvolvida em 1966, pelo cientista do esporte e fisiculturista japonês Yoshiaki Sato. Esse tipo de treinamento foi desenvolvido, para potencializar o tradicional treinamento de atletas e indivíduos não atletas e ainda, auxiliar na recuperação pós-cirúrgica. Também conhecido como treinamento de oclusão, por promover uma restrição do fluxo sanguíneo para o membro utilizado, através da aplicação de um equipamento específico (figuras 1 e 2), o qual reduz o fluxo sanguíneo e aumenta a hipóxia intramuscular, promovendo agudamente o aumento da concentração plasmática de hormônio do crescimento (GH) pós-exercício e como resposta crônica, pode-se citar o aumento da força e da massa muscular.
O equipamento do Kaatsu Training para provocar redução do fluxo sanguíneo, pode ser utilizado tanto no meio aquático quanto terrestre. A oclusão pode ser realizada nas coxas, panturrilhas, braços e antebraços (envolvendo a musculatura proximal).
Em uma comparação com a prática de exercícios sem oclusão, a resposta hipertrófica do corpo ocorre com 80 a 85% da carga máxima e, com o Kaatsu Training, ela acontece em média, com 30%. Se for utilizado de 20 a 40% da carga máxima, já há respostas muito significativa de hipertrofia. Períodos de descanso devem ser de 30-60 segundos entre as séries.
Pessoas que realizam exercícios aeróbicos, como a caminhada, também podem se beneficiar da técnica, pois apesar de catabólico, pesquisas apontam que o treino com oclusão levou a um ganho muscular muito maior do que sem a restrição sanguínea controlada.
Quando ocorre a oclusão, gera-se pressão e acumula-se plasma no local, que não consegue retornar ao coração e fica ali. Esse acúmulo gera pressão hidrostática, ou seja, há mais água fora das células do que dentro delas e, para se preservarem desse desequilíbrio, as células e as fibras hipertróficas se abrem para que a água entre e igualem as pressões intra e extracelulares. Quanto mais água dentro das células, maior o tamanho do músculo, gerando uma hipertrofia aguda que, quando acontece constantemente, passa a ser crônica.
Como outros exercícios, esse treinamento também causa inflamações, mas não trazem riscos ao organismo porque o processo inflamatório é muito baixo. A vasoconstrição libera óxido nítrico conforme o sangue é “liberado” para o músculo e inibe a miostatina, uma proteína que atrapalha o crescimento muscular. O exercício gera microlesões, que vão criar a hipertrofia de forma rápida, porque o óxido nítrico ativa a célula satélite que vai gerar novas fibras musculares.
Porém, a prática do Kaatsu Training é limitada a quem já tem experiência e treina há muito tempo, sendo vetada aos sedentários. Além disso, pessoas com fragilidade vascular, com problemas como varizes, por exemplo, também devem evitar o método de oclusão porque a pressão do aparelho nos vasos é grande e pode haver a ruptura.
Existem dois tipos de bloqueio: o parcial e o total. Se o profissional não tiver treinamento, corre o risco de fazer um bloqueio total do fluxo sanguíneo. Durante anos, a definição dos limites seguros de aplicação da pressão pelos torniquetes foi o foco de pesquisa de Sato que concluiu que os melhores e mais seguros níveis pressóricos estão entre 120 a 150mmHg para membros superiores e algo em torno de 200mmHg para os inferiores. De uma forma geral, os pesquisadores atualmente adotam os limites sugeridos por Takarada et al (2002), que vem utilizando uma pressão de 50 a 200 mmHg para treinamentos a baixa intensidade.
Alguns estudos preconizam que o ideal é aferir a pressão do aluno em repouso e usar a sistólica, que é a maior, como a pressão ideal para manter durante todo o treino. Assim, alguém com pressão 12 x 9 vai treinar com pressão de 120mmHG no equipamento. Na intenção de adaptação do indivíduo, o ideal é reduzir 20mmHG dessa pressão sistólica, variando a pressão de oclusão entre 90 e 150mmHG, no máximo.
Por restringir a circulação, o método japonês não é totalmente isento de riscos, tanto que em 1967 seu criador, Yoshiaki Sato, quase morreu por causa de uma embolia pulmonar causada pelo treino de oclusão.
Apesar de promover uma hipertrofia rápida e com baixa carga de peso, o Kaatsu Training é um treinamento bastante doloroso, mas em dois ou três treinos há uma adaptação e a dor minimiza.
Os interessados em treinar o método japonês, precisam ter em mente que é essencial contar com ajuda especializada para prevenir lesões e até mesmo danos aos nervos. Treinar com oclusão não é apenas colocar um garrote no braço ou na perna enquanto treina. CUIDADO!
Exemplo de treino para membros superiores
Exemplo de treino para membros inferiores
Espero que tenham gostado, um grande abraço e até o próximo Post!!
Referências Bibliográficas
SATO, Y. The history and future of KAATSU Training. International Journal of Kaatsu Training Research 2005;1:1-5.
TAKARADA Y, TAKAZAWA H, ISHII N. Applications of vascular occlusion diminishes disuse atrophy of knee extensor muscles. Medicine Science Sport & Exercise 2000(b); 32(12): 2035-9.
TAKARADA Y, SATO Y, ISHII N. Effects of resistance exercise combined with vascular occlusion on muscle function in athletes. European Journal of Apply Physiology 2002; 86(4): 308-14.
YASUDA T, BRECHUE WF, FUJITA T, SATO Y, ABE T. Muscle activation during low-intensity muscle contractions with varying levels of external limb compression. Journal of Sports Science and Medicine 2008; 7: 467-74.
Boa tarde meu caro, sou personal trainer tenho utilizado este método de treino com alguns alunos, sobretudo no pós operatório, mas o esfigmomanômetro gera alguns desconfortos na prática do treino. Onde posso adquiri este equipamento .
Olá Agnaldo! Infelizmente, esse equipamento só é vendido lá fora. E não conheço nenhum site que o venda. Abraços.