Será que todos podem Pular Corda?

Pular Cordas

Tenho observado nas academias que frequento, um aumento considerável de pessoas pulando corda na sala de musculação e acredito, que isso possa ser um reflexo da popularidade e aumento no número de praticantes de diferentes modalidades de lutas, cujo os saltos estão presentes na execução de alguns golpes e também são utilizados como parte do treinamento.

Nada de errado em realizar trabalhos de pliometria (de forma resumida pliometria é uma forma de exercício que busca a máxima utilização dos músculos em movimentos rápidos e de explosão), de repente pular corda, pois são vários os benefícios que essa atividade pode trazer:

  • Melhora da coordenação motora;
  • Melhora do sistema cardiorrespiratório;
  • Aumento da resistência muscular;
  • Aumento do gasto calórico;
  • Melhora da potência.

Por ser uma atividade considerada por muitos “fácil de se realizar” e por fazer parte da infância de muitas pessoas, agregou-se ao ato de pular corda a promessa de um gasto calórico elevado, que ajudará no emagrecimento (pode-se obter o mesmo ou maior gasto calórico na esteira, bike e elíptico), muita gente vem adotando o pular corda como treinamento, sem antes realizar no mínimo uma avaliação para verificar se possuí condições físicas para executar tal exercício.

Vale lembrar que ao realizarmos um salto, na aterrissagem as articulações dos membros inferiores serão extremamente exigidas (joelho, tornozelos, quadril), mesmo utilizando a técnica correta para isso (você sabia que existem técnicas aterrissar?) e tendo excelente base muscular.

Agora, imagine uma pessoa com sobrepeso tentando pular corda, qual será o benefício desse tipo de atividade?

Alguns podem defender a utilização considerando os benefícios que citei acima. No entanto, o risco dessa sobrecarga articular certamente supera esses supostos benefícios, sendo que em casos menos agressivos à apenas o encerramento da seção de treino por desconforto muscular e articular. A longo prazo pode-se desenvolver uma tendinite patelar (conhecida como joelho de saltador – também acomete corredores), assim como dores no tornozelo e na coluna devido a hérnias de disco. Além disso, existe uma desnecessária exposição dentro da academia, pois as pessoas literalmente ficam observando o “esforço”, a “dedicação”, o “empenho”, como alguns comentam, desse indivíduo porque é muito complicado (caiu por terra a teoria do exercício fácil) realizar aquele o movimento.

A academia não é vista como um ambiente muito atrativo e prazeroso para a maioria das pessoas com sobrepeso, tanto que é muito comum na fala desses indivíduos a vergonha de ir treinar, porque, muitas vezes, são sumariamente julgados por alguns frequentadores como preguiçosos, pessoas que não perdem peso porque não querem, que não tem disciplina, e tantas outras coisas. Aí o professor ou personal trainer prescreve pular corda no meio da musculação, qual será o resultado disso? Desistência!!! Mais um que voltará para o sedentarismo pela vergonha que passou ou devido a dores musculares e articulares.

Pular corda tem as mesmas características de um treinamento intervalado, onde se determina um limite de tempo para saltar, seguido de um descanso normalmente passivo. Então, na maioria dos casos que presenciei nas academias, certamente seria mais eficiente um treinamento intervalado extensivo ou intensivo na bicicleta, assim como mais seguro também. Ou seja, o profissional de Educação Física estaria cumprindo uma de suas funções, que é zelar pela saúde e integridade física de seus alunos/clientes.

Mas antes que os críticos de plantão apareçam reclamando, não estou dizendo que é PROIBIDO treino com saltos ou simplesmente pular corda, mas que a escolha desse tipo de atividade deve partir de uma avaliação funcional muito bem feita e ser inserido com muita cautela.

Só para não ficar apenas no exemplo das pessoas com sobrepeso, alterações no ângulo Q, joelhos genu varo ou genu valgo, determinados encurtamentos musculares e tipos de pisada (pronada e supinada), assim como outras alterações mecânicas, também são fatores importante que devem ser identificados e corrigidos antes de iniciar um trabalho com pliometria.

Obs: Querem trabalhar com pliometria, defina um período na periodização para fazerem isso, mas não pulem as fases. Primeiro desenvolva uma base muscular que suporte esse tipo de exercícios!

 

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Marcio Vinhão
Marcio é graduado em Educação Física portador do CREF 06585-G/SP. É Pós-graduado em Fisiologia do Exercício, Pós-graduado em Futebol e Futsal: As ciências do esporte e metodologia de treinamento. Trabalha como Preparador Físico presencial e a distância. É Diretor da empresa M.V Qualidade de Vida e Saúde - consultoria em treinamento físico, desde 2010.

3 COMENTÁRIOS

  1. Eu quero é uma sugestão de atividades físicas. Tenho parafusos na coluna e gostaria de saber quais os tipos de exercícios físicos posso fazer para me ajudar a perder peso.
    Além da caminhada que já pratico.

  2. Oito dias que comecei pular corda, notei de toda vez ao terminar o exercício, comecei ter sangramento! Tenho endometriose pode ser por isso? Parei de pular com medo, porque comecei à sentir dores e o sangramento aumentou demais.

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